terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Morreu um senhor do Futebol Português

O ex-futebolista português Jaime Graça morreu esta terça-feira, vítima de doença prolongada, no Hospital dos Lusíadas, em Lisboa, onde estava internado há uma semana. Nascido a 10 de Janeiro de 1942, Jaime da Silva Graça começou a despontar para futebol na sua terra natal – Setúbal, onde levou o Vitória a duas finais da Taça de Portugal, rumando depois à Luz onde permaneceu durante 9 temporadas. Além de uma das grandes figuras do Benfica das décadas de 60 e 70, onde conquistou sete títulos nacionais e cinco taças de Portugal para o Benfica, Jaime Graça fez parte da mítica equipa dos Magriços que conquistou o 3.º lugar no Mundial de 66 em Inglaterra. Vestiu por 36 vezes a camisola da Seleção Nacional, entre 1965 e 1972. Em 1986, foi um dos adjuntos de José Torres, também já falecido, no Mundial do México de 1986. Além do futebol sénior, Jaime Graça sempre esteve ligado à formação, onde conquistou inúmeros títulos nacionais pelas camadas jovens do clube em diversos escalões, antes de se tornar prospector, algo que o levou a vários países em busca de talentos para o Clube. Actualmente Jaime Graça fazia parte da estrutura do Futebol de Formação do Sport Lisboa e Benfica, exercendo o cargo de coordenador técnico-adjunto do Caixa Futebol Campus. Os 22 jogadores convocados pelo seleccionador português, Paulo Bento, juntamente com a equipa técnica e alguns elementos da direcção da Federação Portuguesa de Futebol reuniram-se no centro do relvado, durante cerca de um minuto, prestando homenagem ao antigo futebolista do V. Setúbal e Benfica. ps - Tive o grande preivilégio de ter sido treinado por Jaime Graça, de quem fui amigo e seu jogador. Sagrei-me campeão nacional da III divisão com ele, ao serviço do Desportivo de Beja. O futebol português fica mais pobre, pois além de ser perder um conhecedor nato do futebol, perde-se também um homem de grande carácter e um amigo do seu amigo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Domingos nem durou oito meses em Alvalade. Foi despedido horas depois do voto de confiança do seu presidente...

Ainda ontem escrevia neste blog sobre a vida difícil dos treinadores de futebol e não me enganei. Falava de Domingos e das suas inegáveis qualidades de homem e treinador, mas infelizmente, tinha razão... Ontem, Godinho Lopes tinha dado mais um voto de confiança a Domingos Paciência. No fórum "Pensar Sporting", o presidente dos leões garantiu que o lugar de treinador de não estava "em causa", apesar dos fracos resultados da equipa nesta época futebolística. "[A saída de Domingos Paciência] É uma questão que não faz sentido. Os resultados do clube não satisfazem, mas a equipa [técnica] que dirige o Sporting é outra coisa", sublinhou Godinho Lopes, admitindo que "há ainda um longo caminho a percorrer". Um longo caminho a percorrer, sim, mas com Domingos substituído por Sá Pinto... De facto, a máxima de que o "voto de confiança que é a antecâmara do despedimento" confirmou-se. O treinador natural das Cachinas, de 43 anos, foi apresentado a 24 de Maio do ano passado como novo treinador do Sporting, abandonando o comando técnico da equipa menos de oito meses depois. Dá o lugar a Ricardo Sá Pinto, treinador dos juniores, saindo de Alvalade devido aos maus resultados que a equipa averbou nas últimas semanas e que redundaram numa derrota diante do Marítimo (2-0), no passado sábado. Os leões são quintos no campeonato, perderam já a possibilidade de lutar pelo título de campeão e estão a oito pontos dos lugares que dão acesso à Liga dos Campeões na próxima temporada. O Sporting está na final da Taça de Portugal e nos 16 avos de final da Liga Europa, mas já foi afastado da Taça da Liga. Não se pode dizer que tenha sido um percurso brilhante, mas também não foi assim tão mau. Aliás, até melhor se comparar-mos às últimas épocas, já que o clube pode vencer a taça de Portugal e chegar longe na Liga Europa. Nos último anos, o clube leonino tem "consumido" vários técnicos sem resultados, tendo-se transformado num cemitério de Treinadores… Para ganhar títulos, os clubes têm que possuir, acima de tudo, estruturas profissionais, estáveis, competentes e com uma filosofia ganhadora, exemplo que não se verificado ultimamente no Sporting. Fico triste pelo Domingos de quem sou amigo. Penso que se o tivessem deixado trabalhar e implementar as suas ideias, os frutos seriam colhidos mais tarde. Mas no futebol - e muita gente não coragem de dizer e denunciar - existem dirigentes que acumulam erros por falta de sabedoria e estratégia, e apenas se preocupam com a vã gloria do sucesso e dos títulos. Os erros dos jogadores e dos treinadores são mais visíveis a cada domingo, onde o campo não é mais que o palco de apreciações e julgamentos. Os erros dos dirigentes são menos visíveis por eles não jogam, não falham golos nem perdem jogos, estão sentados em camarotes, muitas vezes em círculos de "escárnio e mal dizer". Fala-se cada vez mais na importância na formação de treinadores e esquece-se, por exemplo, que a formação dos dirigentes é também fundamental. Para se ser treinador de alto nível, há que "queimar as pestanas" durante muito tempo e efectuar uma formação adequada e exigente. Mas a muitos, para serem dirigentes e presidentes de clubes, basta apenas terem dinheiro (e muitos nem o têm), conversa fiada e alguns ainda falta de escrúpulos...

Vida difícil, a de um Treinador...

No mundo do futebol, passar de bestial a besta num abrir e fechar de olhos é uma situação que se torna, infelizmente, cada vez mais comum. Como se não bastasse o peso dos resultados, que pode mudar a vida de um treinador a qualquer momento, a competitividade e as exigências a todos os níveis geram comportamentos difíceis de controlar e até mesmo de explicar. Exemplo disso, é cada vez maior a contestação a André Villas-Boas, treinador do Chelsea, e Domingos Paciência, do Sporting - embora a este de forma menos exuberante - pelos resultados menos conseguidos das respectivas equipas nos últimos jogos. E se nos lembrar-mos que estes dois técnicos portugueses fizeram recentemente parte do "top ten" da lista dos melhores treinadores do mundo, parece que algo está errado. E, de facto, só pode estar. Não com os treinadores, mas com quem os contesta e critica. Villas-Boas cometeu na época passada "apenas" a proeza de ganhar tudo o que havia para ganhar com o FC Porto a nível nacional e internacional. Domingos Paciência, em dois anos de trabalho no Sporting de Braga, consolidou o estatuto nacional e internacional dos minhotos, com um segundo e um quarto lugares a nível interno e uma excelente campanha na Liga Europa que teve como culminar a final da Liga Europa frente ao FC Porto, facto inédito no futebol português. Como dizia Manuel Cajuda numa recente entrevista, "é bonito falar mal dos outros. É intelectualmente forte ser destrutivo nas palavras e falar mal dos outros". Normalmente, quem critica, nunca fez nada digno de ser realçado, e muitos deles não passam de frustrados e aves de mau agouro. Nunca lhes ocorreu que o Chelsea, por exemplo, tem uma equipa envelhecida e sem fim de ciclo, que tem vindo a perder os níveis de competitividade evidenciados no seu auge na era de Mourinho, não podendo rivalizar com os "colossos" de Manchester, fazendo-o muito acusto com equipas como o Totenham, Arsenal ou o Liverpool.
No Sporting, Domingos herdou um acumular de problemas internos que se têm multiplicado nos últimos anos, como o prova a "falência técnica" em que o clube se encontra. A organização nos clubes é fundamental e só ter bons jogadores, hoje, já não chega para se obter títulos. As estruturas dos clubes, nomeadamente as que se ocupam do futebol profissional, sofreram uma evolução qualitativa e quantitativa a todos os níveis. Para se ganhar e ser competitivo, a gestão dos clubes tem de ser feita de dentro para fora, por pessoas competentes e qualificadas. O futebol tornou-se um negócio gigantesco e um jogo de influências onde os múltiplos interesses desvirtuam a verdade desportiva, provocam danos e fazem vítimas muitas vezes de forma lesiva e irreparável...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Adeus Popov e obrigado

Thomas Gruszczynski transferiu-se do F91 Dudelange para o Amneville durante o recém terminado mercado de Inverno. Uma transferência, para mim, um pouco forçada, dado que Didier Philippe, actual treinador do campeão em título, dá preferencia aos outros avançados do clube: Daniel da Mota, Bensi, Joachim e o recém contratado Jager. Posso até concordar que algumas lesões impediram o avançado polaco que dar o seu melhor esta época, mas o Popov - alcunha de Thomas - merecia outra despedida. Foi na minha segunda época de treinador em Dudelange que o vi pela primeira vez. Vinha do Metz. Bastante jovem ainda, com 21 anos,impressionava pela sua elegância e velocidade. Seco mas extramamente eficaz, Popov foi acumulando golos ao longo destas dez épocas em que vestiu a camisola do Dudelange, tornando-se no melhor marcador de sempre da história do clube, com 118 golos apontados. Sempre bem disposto e com um sorriso, Gruszczynski granjeou uma enorme empatia junto dos sócios e simpatizantes do clube. Um clube que como disse numa recente entrevista lhe fica no coração. Foi meu jogador e adversário. Sempre correcto e com enorme fair-play. Não gostei da forma como saiu de Dudelange. Merecia outra despedida, mais consentânea com a sua condição de homem e jogador. Admirado e respeitado por todos, Popov virou mais uma página da sua vida. Desejo-lhe enorme sucesso em Anmeville. E ele merece! Abraço grande e até um destes dias...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Fabio Capello, um exemplo a seguir como treinador


Fabio Capello pediu a demissão do cargo de treinador da selecção inglesa, esta quarta-feira, com efeito imediato. O técnico discordou da decisão de os responsáveis da federação retirarem a braçadeira a John Terry que é acusado de proferir insultos racistas ao defesa Anton Ferdinand, do Queen's Park Rangers, durante um jogo entre as duas equipes no campeonato Inglês. Capello explica a demissão com a ideia de que a sua posição como líder foi ferida."Fizeram-me uma afronta gravíssima, lesando a minha autoridade de líder da selecção e criando um grande problema à equipa". "O que me atingiu e me forçou a tomar esta decisão foi o facto de que o alardeado sentido de justiça dos anglo-saxões, que são os primeiros a defender que ninguém é culpado até à sentença definitiva, falhou", sublinha Capello, apontando ainda que nunca tolerou "certos tipos de ingerências" e que "por isso, foi fácil sair".
A demissão ocorreu após reunião entre o treinador italiano e o presidente da Federação Inglesa de Futebol (FA), David Bernstein, para discutir a decisão do órgão de retirar a braçadeira de capitão da selecção ao jogador do Chelsea até que este seja julgado em Julho, por ter alegadamente ofendido racialmente um adversário.
"Queremos enfatizar que durante esta reunião, e durante o período que foi técnico da Inglaterra, Fabio se comportou de maneira extremamente profissional. Aceitamos a demissão, concordando que esta é a decisão correcta. Queremos agradecer ao Fabio pelo seu trabalho ao serviço da selecção da Inglaterra e desejar-lhe todo o sucesso no futuro".

- Independentemente de partilhar ou não das suas concepções futebolísticas ou da dureza da disciplina que era acusado de impôr, Fábio Capello sempre foi para mim um exemplo pelo seu carácter, entrega e coerência demonstrado ao longo de tantos anos à frente de grandes equipas europeias, com as quais conquistou vários títulos, construindo um palmarés invejável.
Neste caso, não se trata da discussão das suas qualidades como técnico ou estratega, nem tão pouco das suas opções de jogo. Trata-se de realçar a verticalidade e intransigência daquilo que considera correcto na defesa dos seus jogadores. Capello é um senhor do Futebol Mundial. Como tal, não se curvou aos caprichos de dirigentes que em muitos casos nada percebem de futebol e mais se servem dele que o servem. Um grande líder!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Lesão grave afasta Danny dos relvados por 8 meses


O português Danny lesionou-se com gravidade no decorrer de um treino, em Florença, esta segunda-feira, e vai estar ausente dos relvados durante 8 meses. Devido a esta lesão, o internacional português falhará os jogos da Liga dos Campeões diante do Benfica e o Europeu de 2012.
O jogador do Zenit, de 28 anos, sofreu uma rotura completa do ligamento cruzado anterior do joelho direito, afectando ainda a zona do menisco, o que obrigará a uma paragem nunca inferior a oito meses. Contudo, Danny poderá ser forçado a parar durante mais tempo. Esta é a segunda lesão grave do médio ao serviço do Zenit, depois de ter sido obrigado a parar durante seis meses devido a um problema no joelho, contraído em Maio de 2009.
Danny foi contratado pela equipa de São Petersburgo, em 2008, a troco de 30 milhões de euros, naquela que foi (e ainda é) a transferência mais cara do futebol russo.
A FPF lamentou o infortúnio que se abateu sobre Danny, expressando "toda a solidariedade" ao jogador e o desejo de que "recupere o mais rápido possível".

ps - Uma baixa importante para a selecção. Coragem e boa recuperação!

O jogo que pode valer uma época

O Sporting joga esta quarta-feira na Choupana, frente ao Nacional da Madeira, um dos jogos mais importantes da época. Arredado do título e da taça da Liga, resta aos “leões” a possibilidade, a nível interno, de vencer a taça de Portugal e tentar salvar aquela que pode ser uma das piores épocas dos últimos anos.
Mas para marcar presença no Jamor, frente à Académica ou Oliveirense, os lisboetas têm que arrancar um resultado que permita anular o 1-1 verificado em Alvalade no encontro da primeira mão. A derrota caseira diante do Gil Vicente pode ter deixado marcas no seio do plantel que não poderá contar com Onyewu, castigado, mas em contra-partida com o regresso de Rinaudo.
Domingos Paciência perdeu o “estado de graça” trazido da capital do Minho, mas também não pode ser apontado como único responsável pelos maus resultados que se têm verificado desde o início de 2012. A contestação ao treinador é evidente, mas também aos jogadores e dirigentes.
Que quando não se ganha passa-se de bestial a besta, não é novidade para ninguém, e com especial ênfase no futebol. Pessoalmente, não acredito que a mudança de treinador seja a solução para os problemas do Sporting, que parecem bem mais profundos e complicados, como atestam os desastrosos resultados da última auditoria à saúde financeira do clube.
O último título de campeão data da época 2001/2002 com László Bölöni. Depois do técnico romeno, mais nenhum treinador teve sucesso, exceptuando Paulo Bento que mesmo assim acabou por se demitir. Infelizmente, no futebol, são os resultados que ditam (na esmagadora parte das vezes) a sorte dos treinadores. Muitas vezes essas mudanças não dão resultado, ou se dão, é por pouco tempo. Está provado que os trabalhos na continuídade (como o actual caso do Benfica) são mais frutuosos. Domingos não desaprendeu e merece que o deixem trabalhar como deseja. Espero que o Sporting tenha a clarividência – e a sorte dos resultados – para não voltar a mudar de treinador.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Incidentes no jogo de futebol com a equipa de Manuel José, no Egipto, provocam 74 mortos


Pelo menos 74 pessoas morreram e centenas ficaram feridas na sequência de confrontos registados hoje em Port Said, no Egipto, no final do jogo de futebol entre o Al-Ahly, treinado pelo português Manuel José, e o Al-Masry.
Segundo fontes hospitalares, há, pelo menos, 73 mortos, depois de uma invasão de campo que acabou em cenas de violência entre os adeptos das duas equipas.
Manuel José revelou que foi atingido com pontapés e socos na cabeça e no pescoço, nos incidentes após o jogo. "Mal terminou o jogo tentei ir para as cabines, meteram seguranças à minha volta mas ainda levei uns socos e pontapés na cabeça e no pescoço, mas estou bem", afirmou Manuel José, acrescentado que já estava num quartel fora do Cairo. O treinador do Al-Ahly contou que durante o jogo o "ambiente já estava muito tenso" e mal terminou o encontro, com vitória do Al-Masry por 3-1, "milhares de pessoas foram para dentro de campo e começaram aos pontapés e aos murros".
"Vou repensar a minha vida, gosto muito de estar aqui, sou bem tratado por toda gente, mas não há condições", lamentou Manuel José.
Os confrontos começaram mal o árbitro deu por terminado o jogo em que o Al-Masry impôs a primeira derrota da temporada ao Al-Ahly, com os adeptos a atirarem pedras, tochas e garrafas, tendo inclusive ferido alguns jogadores do Al-Ahly que foram conduzidos ao balneário, depois de serem perseguidos pelos seguidores do Al-Masry.

Ver vídeo em baixo
:.: Egipto chocado com tragédia no futebol - Vídeos - Jornal Record :.:

ps - Quando o futebol em vez de unir pessoas motiva a morte delas, é tudo menos um desporto!